Mais de 60 mil casos de melanoma não foram diagnosticados na pandemia

No Mês Internacional de Combate ao Melanoma, estimativa de subnotificações acende alerta para tratamento desse tipo agressivo de câncer

Foto: Getty Images/iStockphoto
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Desde o início do isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, muitos planos foram adiados, inclusive visitas ao médico. Essa realidade tem afetado diversos diagnósticos, como os de câncer de pele melanoma. É o que revela pesquisa conduzida pela “Global Coalition for Melanoma Patient Advocacy”, que contou com a participação de mais de 700 dermatologistas de 36 países. O estudo apontou que, aproximadamente, um quinto dos melanomas (21%) podem não ter sido diagnosticados em 2020, com um terço das consultas (33,6%) perdidas, por causa da pandemia.

Em comparação com as taxas de incidência de melanoma mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), a pesquisa sugere que mais de 60 mil melanomas não foram diagnosticados em todo o mundo no ano passado. Diante desse cenário preocupante, no Mês Internacional de Combate ao Melanoma, é fundamental reforçar quais são os principais cuidados e sinais de atenção que devemos ter com a doença – o mais raro (cerca de 5%) dentre os cânceres de pele, porém o mais agressivo, devido ao alto risco de propagação para outros órgãos (metástase).

No Brasil, são estimados 8.450 novos casos de melanoma por ano e, segundo a OMS, 55 mil pessoas morrem por causa da doença todos os anos, o que representa seis mortes por hora. Por conta disso, durante todo o mês de maio, especialistas e associações de pacientes se mobilizam para combater o câncer melanoma com campanhas de conscientização sobre a doença e como realizar o autoexame para obter o diagnóstico precoce.

Terapias de acordo com cada perfil de paciente

Para Andreia Melo, oncologista e chefe da Divisão de Pesquisa Clínica e Desenvolvimento Tecnológico do Inca, por conta da gravidade do melanoma, os dados da pesquisa são muito alarmantes. “Precisamos conscientizar a população de que a doença pode acometer a todos e que o diagnóstico precoce é essencial para obter os melhores resultados nos tratamentos”, afirma.

Segundo ela, apesar de ser uma doença agressiva, há muitas opções terapêuticas disponíveis, como cirurgia, terapia-alvo, quimioterapia, imunoterapia e radioterapia”, comenta a médica. Hoje, os estudos sobre a linha terapêutica mais adequada para cada perfil de paciente estão muito avançados, o que permitiu identificar que existem tipos de melanoma, por exemplo, o que apresenta alguma mutação genética (como o gene BRAF) e o que não apresenta.

Nos casos em que há mutação no gene BRAF – cerca de 50% dos pacientes -, a terapia-alvo é uma modalidade de tratamento muito indicada. Por exemplo, quando o tumor ainda não se espalhou para outro órgão, o paciente é elegível ao tratamento adjuvante com terapia-alvo, que apresenta taxa de sucesso em mais de metade dos casos, evitando que se espalhe (metástases) e proporcionando potencial de cura para uma parcela significativa dos pacientes.

A terapia adjuvante é indicada como tratamento adicional, realizada após um tratamento primário (geralmente cirúrgico), a fim de reduzir o risco de retorno do melanoma, já que 1 em cada 3 pacientes com melanoma apresentam recidiva.

A terapia-alvo é administrada via oral, então permite que o paciente realize o tratamento em casa, diferentemente das outras opções disponíveis, o que é um excelente benefício para o momento de isolamento social que estamos vivendo”, pontua Dra. Andreia.

A regra ABCDE para o diagnóstico precoce

A regra ABCDE é fácil de ser memorizada e contribui muito com o diagnóstico precoce da doença. As letras significam: Assimetria, Borda, Cor, Diâmetro e Evolução e devem conduzir a observação de manchas e pintas com essas características. “Na maior parte das vezes, essas alterações não são causadas por câncer, mas é importante que sirvam como um sinal de alerta e que sejam examinadas por um médico o quanto antes”, explica a médica.

  • Assimetria: uma metade da pinta ou mancha é diferente da outra parte.
  • Borda: as bordas são irregulares, entalhadas ou dentadas.
  • Cor: muitas vezes apresentam cor desigual. Tons de preto, marrom e canela ou áreas brancas, cinza, vermelha ou azul podem estar presentes.
  • Diâmetro: o diâmetro é maior que 5 milímetros.
  • Evolução: uma pinta ou mancha vem mudando de tamanho, forma, cor, aparência ou coçando ou sangrando.
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